16 julho, 2021

Conversas Soltas: Entrevista com `Kassandra` - Clarividência (O dom de ver)



Nas Conversas Soltas de hoje, a entrevistada é a `Kassandra`. Tem 39 anos e é natural de Lisboa. O tema escolhido é sobre ao dom de ver, ou seja, a clarividência.


No teu caso, o que é o dom de ver?

Para mim é sentir. Eu sinto a informação. Por vezes surgem imagens na minha mente, por vezes parecem sensações. Não considero ver, porque não existe uma materialização das coisas que "vejo". vejo no olho da minha mente, por assim dizer. Por vezes vejo sem intenção, outras vezes preciso colocar intenção para ver ou sentir.


Já nasceste com esse dom ou foi-se desenvolvendo ao longo da tua caminhada?

Provavelmente nasci com ele e foi-se desenvolvendo. Sempre senti as energias das pessoas, mas como eu própria ainda estava a crescer e a desenvolver-me emocionalmente, sempre foi muito complicado lidar com as energias negativas emitidas pelas pessoas.

Afectavam-me muito, pois sempre me foi difícil perceber como pode existir maldade no mundo. Fui crescendo e me desenvolvendo emocionalmente. Estudei tarot de forma autónoma, fiz cursos de Reiki, interessei-me mais pelo mundo da espiritualidade, e isso fez com que desenvolvesse e apurasse um pouco mais a minha visão. Procurei entender-me e fui clarificando algumas dúvidas que tinha.

O que vês através do olho da tua mente?


Vejo/ sinto as energias. das situações, das pessoas... E as energias que vão chegando até mim contam-me histórias sobre a situação em questão, sobre a pessoa ou pessoas em questão. As energias trazem-me informações que vejo/ sinto no olho da minha mente.


O que mudou então na tua vida com o estudo do tarot e do reiki?


Comecei a estudar tarot de forma autodidacta em 2007 e o Reiki foi bem mais tarde. Uns 10 anos depois. Não ocorreram mudanças abruptas. As mudanças foram suaves.

Quando comecei a estudar tarot, tornei-me mais consciente e curiosa sobre o mundo espiritual. É uma área que me fascina. O facto de ser algo meio misterioso, ainda me fascinou mais, pois gosto de conhecer e aprender coisas novas. Posso dizer que o que mudou foi o meu foco. Passei a ter mais atenção à dita espiritualidade e a observar o que se faz no mundo.

Tenho curiosidade sobre diversos temas, desde tarot a runas, a regressões a vidas passadas, a leituras da aura... Gosto de conversar e trocar ideias sobre diversos destes temas, mas conhecimentos mais aprofundados, tenho sobre o tarot e sobre Reiki. Como já referi, tarot estudei sozinha e sou mestra de Reiki (tenho os 3 níveis). Contudo não trabalho nem com tarot nem com Reiki como profissão ou algo do género.

Ambos, Tarot e Reiki, desenvolveram a minha intuição. Acredito que podemos sempre evoluir a nossa intuição. Portanto, mudou o meu foco, os meus interesses e a minha intuição desenvolveu-se um pouco mais. Acredito que quando lidamos com espiritualidade, seja qual for a vertente, podemos crescer espiritualmente e desenvolver os nossos dons, que muitas vezes estão adormecidos ou quase nos passam despercebidos.


Quando tens contacto com o tarot, sentes que és um canal? Como recebes a informação? Vês, sentes, intui? Como o tarot se relaciona contigo ou tu com o ele?


Por acaso não costumo pensar nesse contacto com fazendo de mim um canal, mas não invalida que o seja. O que fui intuindo ao longo do meu estudo autodidacta é que o tarot é um meio para chegar ao conhecimento. Com a intuição mais desenvolvida deixei de necessitar dessa ferramenta para aceder às informações. Quando leio o tarot não faço previsões para o futuro.


Dou conselhos. O que as cartas dizem, tem a ver com a energia de momento, e que pode ser mudada pela pessoa que pediu a leitura. Essa pessoa tem o poder de pegar na informação que lhe dou, e mudar. Só assim faz sentido para mim apoiar-me no tarot. Ajudar a outra pessoa a ver a situação com mais clareza, e fornecer-lhe alguma informação sobre a situação.


Costumo dizer que sim, o que o tarot está a indicar provavelmente vai acontecer, caso a pessoa não mude a sua atitude. Pode servir como um aviso, mas apenas a própria pessoa pode mudar o futuro dessa situação, com o seu livre arbítrio. Existem alguns aspectos que nem o livre arbítrio da pessoa pode mudar, como a personalidade de terceiros (que os levará a ter determinadas atitudes) e até mesmo o livre arbítrio desses terceiros (não podemos mudar o outro).


A única coisa que a pessoa pode mudar é a sua atitude perante a situação. Após apresentar algumas coisas que podem acontecer, cabe à pessoa decidir se faz alguma coisa ou não, para alterar a situação. Podemos sempre fazer alguma coisa, nem que seja, mudar a nossa visão sobre a situação.


Quando faço uma leitura, observo a imagem de cada carta, e é através dos detalhes de cada carta que recebo a informação. Como se os detalhes falassem. Sinto a informação. A carta fala comigo através da sua imagem. Nas figuras vejo as pessoas visadas na situação em questão.


O tarot é um canal, tal como existem outros, de comunicação. Um meio de comunicação. Acredito, como disse acima, que temos a capacidade de recolher informações sem o tarot, mas este é um excelente auxílio para quem está a começar a desenvolver a sua intuição ou para afinar a mesma.


O tarot age como um canal, pois permite-nos chegar à informação. Pessoalmente acredito que estamos todos ligados, e que as nossas energias pessoais interagem. O tarot acessa essas energias e traz as informações. Caso a pessoa que está a pedir a leitura esteja fechada (por descrença no tarot, etc) ou os terceiros fechem a sua energia (por desconfiança geral do mundo), as informações podem não ser tão claras, pois está a ser vedado o acesso.


Também acredito que o tarot acede às energias do passado, presente e futuro, como se tratasse de um continuum. Podemos sempre alterar o futuro (livre arbítrio) como disse acima, embora alguns aspectos pareçam ser impossíveis de mudar (destino). Respeito o tarot e admiro-o pois é uma ferramenta poderosa.


Referiste que tanto o tarot como o reiki desenvolveram a tua intuição. Na prática, no quotidiano em que é que isso te ajuda?


Ajuda-me a ver melhor as outras pessoas, sem as suas máscaras. Consigo sentir o que as máscaras não deixam ver. Seja por estarem a mentir, estarem com um estado de espírito e mostrarem outro...


Vês-te a trabalhar na espiritualidade?


Acredito que todos trabalhemos nela, quer admitamos ou não, afinal somos seres espirituais. O viver neste planeta já por si é exercitar a espiritualidade. Existem várias formas de a trabalhar, e alguns recusam-se é a acreditar nela e fecham os olhos para o que está para lá do mundano.


Anteriormente questionei-te sobre como o tarot e o reiki desenvolveram a tua intuição e como na prática isso te ajuda. Ao que respondeste que “me ajuda a ver melhor as outras pessoas, sem as suas máscaras”. Gostaria imenso de saber como vês isso. Sentes? Ouves uma voz? Como vês que uma pessoa te está a mentir? Será um processo de telepatia?



É difícil responder, pois só nos últimos anos comecei a tomar consciência de que seria interessante perceber como isso acontece. Há quem diga que através da nossa linguagem corporal deixamos escapar muitas pistas.


Até se fala nas micro expressões em que por milésimos de segundos tu expressas realmente o que estás a pensar, antes de por exemplo sorrir para uma pessoa, e isso é incontrolável. Por outro lado tens de estar muito treinada para ler essas expressões, afinal são tão fugazes. Treinada ou ter uma intuição bem desenvolvida.


Mas isto são ideias minhas, pois não me recordo de ter acesso a informação que explicasse este fenómeno. Não oiço uma voz, nem sei se será telepatia, pois telepatia é comunicação entre pessoas. Trata-se de uma espécie de fuga de informação, pois certamente a outra pessoa não quer que a veja sem a sua dita máscara.


Há algo na forma como fala e como se mexe, que me permite fazer uma leitura de como se sente, das suas emoções e intenções. Quando uma pessoa está triste, mas não quer passar isso para fora, muitos de nós conseguimos perceber que algo não está bem. E quando a pessoa finge bem? Eu sinto na mesma. Sim, é uma sensação. Assim como tu olhas para a pessoa e vês que está feliz, pois esta a sorrir, eu vejo outras coisas.


Está a sorrir, mas hoje está triste. Consigo sentir. Acreditando que somos energia e trocamos informação dessa forma, não seria difícil ler a energia da outra pessoa. Creio que a ciência ainda tem um longo percurso neste sentido.


Acredito que um dia a espiritualidade e a ciência entendam que falam das mesmas temáticas, em linguagens diferentes. Como seres humanos temos imensos vieses cognitivos, que não nos deixam ver claramente. A ciência é praticada por seres humanos, com falhas. Logo ela também falha!


Quando vês que uma pessoa te está a mentir.. ou quando vês que essa pessoa não tem muita luz e não vibra alto, por assim dizer, como lidas tu com isso? Como reages a isso partindo do princípio que és uma sensível às energias?


Vai depender da pessoa, da situação, e do meu estado emocional. Mas regra geral quando são falhas de carácter, eu simplesmente afasto-me da pessoa. Se isso não for possível, procuro ser o mais correcta possível. Contudo preciso treinar a minha tolerância a pessoas com baixa energia, porque me irrita bastante que sejam incorrectas.


Como seria esse treino? Tens alguma ideia, algumas dicas?


Apenas posso falar por mim e da minha experiência. O treino da tolerância para mim passa por me afastar de pessoas com as quais não me identifico, e me aproximar de pessoas que me acrescentam. Quando isso não é possível, tento analisar o porquê de não gostar da pessoa, ou das suas atitudes, e tento compreender por age dessa forma. 

Tento vê-la como um ser humano que erra, como todos os outros. Sei que não posso mudar a pessoa, portanto irritar-me com isso não me leva a lugar nenhum. Apenas vai me deixar bastante desconfortável e com sentimentos negativos dentro de mim. Portanto, em resumo, é importante ver a pessoa como apenas outro ser humano, e entender que a pessoa não vai mudar apenas porque eu quero, ou acho que deve.


Para terminar, como seria o teu mundo ideal?


O meu mundo ideal seria um mundo em que imperasse o diálogo e a compreensão. Sem luta de egos e de poder. Porque todos temos a ganhar e aprender uns com os outros, exactamente por sermos tão diferentes uns dos outros. 

E essas diferenças devem nos enriquecer, e não criar fossos. No meu mundo ideal impera a entreajuda e o amor. Impera a cooperação e o carinho. Impera o melhor de nós.


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