Pintado por Sandra Andrade |
Nos próximos tempos pretendo publicar um conjunto de textos criados pela minha amiga Sandra Andrade. São textos antigos, mas muito actuais que permitem-nos reflectir sobre os mais diversos assuntos. Espero que gostem. Grata Sandra por esta oportunidade!
Ao longo da nossa vida criamos figuras de referência. Os avós, os pais, os tios, o professor, entre outros. Vemos estas pessoas como exemplos a seguir. Há sempre aquela pessoa que nós admiramos quando somos crianças e que gostaríamos de ser como ela. Essa ilusão desfaz-se na adolescência quando começamos a questionar tudo e todos na sua perfeição ilusória e começamos a procurar outras figuras de referência. Muitas vezes cantores, actores, pessoas inalcançáveis, ou seja, aparentemente perfeitas.
É natural como crianças que procuremos exemplos a seguir. Procuramos pessoas que nos possam inspirar a ser alguém. Queremos ser como elas quando crescermos. Até certo ponto é algo bom para nós. Deixa de ser bom para nós quando não criamos uma referência interna, uma identidade pessoal bem cimentada. Deixa de ser bom quando a nossa auto-estima é baixa, quando não nos conhecemos bem a nós próprios, quando não conhecemos os nossos defeitos e as nossas qualidades, quando duvidamos de nós mesmos, quando não nos aceitamos.
Deixa de ser bom quando estamos pendentes das opiniões alheias para sermos alguém. Depender dos outros é entregar a nossa identidade nas mãos alheia. Não darmos um passo sem pensar o que os outros gostariam que nós fizéssemos. Preocuparmo-nos com o que os outros pensam. Martirizarmo-nos sobre o que deveríamos ter feito para agradar os outros. E os outros nunca estão satisfeitos e nós nunca os conseguimos agradar.
Chega o medo, a frustração, a raiva, a tristeza, o desânimo de nunca estarmos à altura de agradar a toda a gente. A verdade é que é impossível agradar a toda a gente pois vivemos num mundo complexo em que cada pessoa é ela mesmo um mundo complexo. Falta-nos a referência interna. A referência interna é a bússola que nos guia para o Norte. É a nossa auto-estima, o nosso autoconhecimento. É sabermos que somos o melhor que podemos e agimos da melhor forma possível de acordo com a nossa consciência e não à mercê do que pensam as outras pessoas que deveríamos ser ou fazer.
Nós já somos dotados de uma personalidade, de defeitos e qualidades. A nossa referência interna são estes aspectos. Devem ser os mais importantes na nossa vida e devemos ser completamente fiéis aos mesmos. Só assim não andaremos perdidos à deriva no meio dos detritos dos problemas existenciais que todos nós temos. Torne-se a sua própria referência. Ame-se. Cuide de si. Trabalhe as suas qualidades e defeitos. Defina uma missão pessoal, defina projectos, defina metas e baseie-se naquilo que quer e deseja.
Deixe de usar como referencial o que os outros pensam e querem que nós façamos porque no fim é connosco mesmos que vamos dormir e acordar para o resto das nossas vidas. Oiça sim o que os outros têm para lhe dizer e aconselhar, mas tenha o discernimento de escolher o que lhe interessa ou convém. O que lhe faz bem. Sempre haverá opiniões boas e más. Sempre haverá alguém agradado e alguém desagradado. Aprenda a agradar primeiro a si mesmo. Seja o seu próprio referencial e verá que tudo muda.
A vida se torna mais leve, mais alegre. Verá que aos poucos deixa de dar importância a opiniões menos boas e começa a ganhar capacidade de avaliar uma opinião válida para si de uma opinião equivalente a lixo. Só você sabe o que é melhor para si. Seja a sua referência interna. Seja um exemplo para si mesmo. Seja feliz!